Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

águas salgadas

Labirinto
Lá no mar
Grito 
Mais
Grito 
Amar
Sinto,
Mas
Ressinto. 
Amar 
as águas salgadas
no fundo
Amar 
não é 
Mais 
tão fundo. 
Sinto 
Muito.
Eu
Devoro a esfinge
pra decifrar
a ti
que 
finge
não 
amar 
Mais 
o mundo.

Matheus Matos

domingo, 25 de agosto de 2024

fim de agosto

Já é fim de agosto,
a gente se atrasa mais uma vez.
Eu tenho palpitações.
No meio do caminho,
você me apresenta aquela música nova do Nando Reis,
o protesto em Rock 'n' Roll,
e conversamos sobre as divindades musicais.
O trânsito me desgasta,
mas o caminho é bonito.
Caem as folhas de agosto
como a chuva.
Você me cutuca,
escutando o Bituca,
pra lembrança eterna,
no momento infinito.
A pintura é tua,
e o poema é meu.

Matheus Matos

14/07/1931

poesia do meu avô, Vamberto Sodré, para minha avó Neusa Matos.




Não vivi na época dos meus avós.
Nem de um lado,
nem do outro.
Mas este é o lado vazio da minha vida.
Talvez por isso, hoje, venero tanto os velhinhos,
para de alguma forma perceber o que me falta.
Avôs e avós deveriam permanecer para sempre no espaço e tempo das lembranças.
Eles, que primeiro se transformam em crianças,
depois abraçam o eterno.
Avôs e avós vivem em mim em um sentimento fraterno.
Talvez por isso, adotei todos os avós que encontrei,
com um abraço sincero de um neto em seu melhor aconchego,
procuro respostas no universo dos abraços
ou, quem sabe, um segredo de eternidade.

Matheus Matos
 

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Outono

Ainda é outono
E esse vento frio
Se mistura ao inverno
De alguns corações.
Transição,
Superposição.
O inverno está vindo,
Caem flores e folhas ainda.
Flores secaram,
Mas não as emoções.
Há a lágrima que cai,
A tristeza é um calo.
A vida é um ciclo
E nem cabe num estalo.

Matheus Matos

terça-feira, 28 de maio de 2024

cuzcuz, café e companhia



Sonhos esquecidos
Na terra de Morfeu
acordo
mente vazia
cuzcuz quentinho
café sem agonia
E tu mais eu.


Matheus Matos 

Lucão

 Não é à toa que há mar no verbo amar. O mar é gigante. Amar é ser maior.

“Não é à toa que que amar tem ar no verbo: respire” Lucão


quarta-feira, 22 de maio de 2024

Saia, flor, que tenho pressa

 

Orquídea quase a sair de Geane Cardoso. 

Saia, flor, que tenho pressa 
Preciso seguir meu caminho 
Eu sigo um tanto sozinho 
A vida não vai devagar 
Saia, flor 
Se te interessas 
Descubro tua cor escondida 
Controla o tempo da vida 
Te dou um poema de amar 
Saia, flor 
Mas não pereça 
A vida segue 
Ainda que não pareça 
Nós somos poeira estelar 
Queria ir devagar

Matheus Matos

terça-feira, 21 de maio de 2024

à flor da pele

Eu tô com o poema à flor da pele
Brotando de qualquer jeito
Na pedra
Na terra
Na bela
Na tela
No beijo
Eu tô com o poema desejo
A mente
Não mente
Eu tenho um poema cicuta
Só vive quem lê lentamente
Eu tenho um poema antídoto
Que entrega um remédio ambíguo
Quem bebe o poeta perscruta
E acha a resposta no amigo

Matheus Matos 

domingo, 12 de maio de 2024

sinal vermelho

Escaletas sopram antigos dilemas.
De dentro da armadura
Não ouço a melodia,
Mas vejo o poema.
Dedos e corpos movem-se
como partituras.
Escondem o problema
Nos sinais;
Não há ternura em cena,
Há desiguais.

 Matheus Matos

vazio obtuso

Eu acordei tarde,
um poema me visitou.
Flutuações do nada,
uma fascinante
visão obstinada.
Eu, minha mente
e seu aspecto sonhador.
Lá no fundo,
no vazio obtuso,
não obstante à razão,
flutuações quantizadas,
solidão,
colisão,
a amada
e um retrato
de perdedor:
manejar serpentes,
entender essa gente
e não se perder
no amor.

Matheus Matos 

sábado, 11 de maio de 2024

transe

O transe
depois da 
transa
em mundos paralelos
transcender 
como quem sabe amar
o elo
plagiar 
o que é real
nesse mundo virtual
viver é singelo?

Matheus Matos

sexta-feira, 26 de abril de 2024

dilatação do tempo

Não fosse a vida esse contínuo eterno de tarefas do ofício
Não fosse isso também um vício
Não ocuparia o lugar da poesia
Das emoções
Não alimentaria ilusões
E não visitaria esses sonhos inóspitos
Fictícios
E justamente quando a vida espreme o tempo
E o tempo é a moeda difícil
É quando a gente aprende
A dilatar certos momentos
A controlar os interstícios
É quando a gente vê que
A poesia também pode vir disso

Matheus Matos 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Rua de pedras

 Daqui de baixo
Vejo a rua de pedras 
Emitir seus zunidos.
Subindo a ladeira,
Como quem escuta gritos,
Escuto o passado,
Escrevo o passado,
Escuto o amigo.
Disse que já subiu 
com a certeza que sabia amar,
só esqueceu o caminho.
Amar, ás vezes,
é o princípio da incerteza. 
Na rua direita
Solidões se foram,
Solidão passeia,
O pavor permeia,
O amor é teia.

Matheus Matos

sábado, 13 de abril de 2024

mais um pouquinho

todos os poemas de amor 
são sobre você
e agora eu escrevo 
também
sobre passarinhos
pois tem amor 
nas tintas 
do sabiá
que tu pintas
tem amor
na cor 
do teu ninho
e esse poema aqui
pinta esse amor 
mais um pouquinho

Matheus Matos

terça-feira, 9 de abril de 2024

Utópico

Não fosse a vida, 
esse escritório de pequenas prisões, 
de onde eu tento, 
às vezes, 
me libertar, 
eu nem sairia daquele sofá, 
nem deixaria de ser cobertor pro teu frio. 
E eu aqui, 
nesse lugar estranho, 
com pessoas estranhas, 
vendo esse copo vazio, 
me faz lembrar que é só a ti que eu bebo, 
que és a minha sede insaciável, 
o meu desejo e meu brio. 
percebo, 
então, 
que depois da cama, 
do sono perfeito, 
a mente colapsa em um pensamento único: 
um beijo, 
um toque, 
um choque. 
Utópico, 
pois estou só contigo.

Matheus Matos

domingo, 7 de abril de 2024

Sobre ser livre

Sempre escrevo poemas sobre ti
Sobre tua inocência risonha
Do olhar de quem alcançou os dias
Mas não alcançou a morte
De quem sabe alcançar as estrelas 
sem precisar nem mesmo vê-las
E de quem olha a juventude 
como aquele momento da vida em que se vive
Sem precisar pensar em viver
Sem medir consequências, bater continência
Ter a dúvida do ser, dos ses. 
E hoje, depois de ter vivido
O que me sobra da meia vida
É escrever sobre ti

Matheus Matos

terça-feira, 2 de abril de 2024

amor, esse vulcão

Ternura,
é a tua pintura
em minha alma.
Ventura,
já tenho a cura
e a minha calma.
Amar o que é calmo
e furacão.
amor, esse vulcão
que desperta brandura.
Esse fogo ardente
que borbulha,
essa armadura
e mansidão.

Matheus Matos 

vidas paralelas

Paro o tempo 
Como quem olha o relógio no instante exato da partida
E é lá que está a pausa.
Pode ser no ar
Enquanto imagino o vento
Pode ser no olhar.
Para o tempo, eu
Vivo vidas paralelas
De cortes das cenas amarelas
E que a vida passa rápido
E pausas nas cenas que vem dela. 

Matheus Matos

segunda-feira, 1 de abril de 2024

efeito borboleta

Não fosse a vida,
essa escolha aleatória
de sensações,
um dia estou aqui
e no outro?
Borboleta bate asas.
talvez o aperto no peito,
talvez as emoções
não fossem essas toneladas,
arruinando minhas falas.
Não fosse o peso das escolhas,
o peso de quando te calas,
não tinha o tu,
o eu,
não tinha nós.

Matheus Matos

sábado, 30 de março de 2024

para o amigo que partiu

para o amigo que partiu: Antônio Tiburcio (bode mucho)


Eu via sempre você contando suas astúcias
E agora me vem no peito essa angústia 
De não poder te ouvir nunca mais
Foste a fonte de uma irmandade 
Olho para ele
Vejo o espelho
Sinceridade
Veja a mágica que foste capaz
Foste embora
E foi cedo
E agora eu confesso
Eu tenho medo
Da sina da vida 
Roubar minha paz
Do amor 
forjaste 
Pedras tão preciosas
Nasceu bela, tua descendência, tão amorosa
Ficará viva a tua essência 
Perspicaz.
Vai lá nobre amigo
Você foi bom Pai, irmão, avô, marido
Vai que daqui eu sigo
Vai lá 
Sorrir, fazer sorrir e amar
Na terra onde as histórias 
Não morrem jamais. 

Matheus Matos

terça-feira, 26 de março de 2024

movimento perpétuo

Conheço pessoas há anos que a vida me deu.
Não foi uma escolha programada, mas elas ficaram.
Conheço pessoas que estão há anos comigo e que o amor as desafiou.
O amor desafia a gente sempre.
Ele quer saber dos nossos limites.
Quer saber se há distância que o valha,
se há palavras mal ditas,
intrigas,
que possam vencê-lo.
Mas o amor
O Amor é vínculo,
é emaranhamento,
movimento perpétuo
e ação a distância,
no firmamento.
O amor no universo infinito
dista um pensamento
de quaisquer dois corpos
afastados no vão.
Amor é infinito,
eterno,
é perdão.
Conheço pessoas há anos que a vida me deu,
elas ficarão.

Matheus Matos

sexta-feira, 22 de março de 2024

Tantas Descobertas Além do que Há

Mergulho

Estou no meio de tudo
Que é teu
A tua chave perdida
Teus olhos sem saída
Teu atraso que também é meu
Eu vejo
Tua mente percorrendo labirintos
Esquecendo dos passos e instintos
Esquecendo os óculos no breu
No teu caos
Não te encontras na bagunça
Teu corpo está perdido
Da tua mente estelar
Corpo em caos
Mente no mar
Esperando no cais
A hora certa
De encontrar

Matheus Matos

quarta-feira, 6 de março de 2024

Escondido na viagem

Amarelo como o sol,
Escondido na viagem,
Erva-de-são-joão
Vira paisagem.

Matheus Matos

borboletas no estômago

Chuvas de março.
Nesta viagem distante,
voam as borboletas.
Fim de verão
e esse gelo esquecido
no meu coração.
A vida é uma ampulheta.
Borboletas no asfalto,
atropeladas pelos carros,
já não voam mais.

Matheus Matos

domingo, 25 de fevereiro de 2024

remédio contínuo

O abraço
Prelúdio da leveza
Que encaixa almas
E eleva suas belezas
É remédio contínuo

Não se pode privar o amigo, 
a mãe, o irmão, a irmã, 
nem mesmo a realeza.
É o abraço que transcende 
qualquer material riqueza
É amor conspícuo

Em um abraço de um minuto
Uma eternidade
Uma fusão de estrelas
De onde nasce a saudade
E um amor atemporal e profícuo.

Matheus Matos

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Pra quem tem voz


Eu fico em silêncio,
O horror da cena me cala.
Tanques de guerra,
Mísseis nucleares
E metralhadoras
Não funcionam sozinhos,
Cavam as valas
Não acertam crianças, só na fala,
Acertam sem nem o medo de errar os malvados.
São números contabilizados,
Trinta e tantas mil mulheres e crianças e não sei quantos soldados,
Baixas da guerra.
Eu fico em silêncio,
Meu barulho é um susurro
Para quem busca esse legado.
A esperança está na voz de quem sabe falar alto.

.   .   .

Mãe, para onde posso correr?
Eu só queria aprender a escrever.
Mãe, onde você está?
Eu só queria poder sonhar.

Filho, cuidado, não nascemos para brilhar.
Filho, respira, você pode caminhar?
Filho, salve-se, eu não posso mais cuidar.

Mãe, tem uma luz no céu.
Será que são anjos?
Será meu engano?
Será que eles vêm nos salvar?

Mãe, mãe, mãe…

Matheus Matos

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

mergulho

Passei alguns dias no mar
No amar, já mergulhei sozinho
Lá no fundo tem o pindá
Não é sempre que tem peixinhos
Ao mergulhar
A gente abre os olhos
Os olhos abrem a calma
Os olhos abrem amar
E no mar
Também 
A água é salgada
Os olhos ardem 
Os olhos fecham 
a alma
Nem sempre veem o que querem
Nem sempre veem
E se perdem
Mas é preciso aprender quando olhar 
É preciso abrir caminhos
descobrir oceanos
dissolver enganos
Ser submarino ao navegar
Em seus planos
depois de naufragar
Passei alguns dias no mar
Mas, no amar, não estou mais sozinho

Matheus Matos

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Papel

Eu volto
Agora
Volto
Sou teu papel

Volto para a tua pintura
Pode amolar tua brandura
Pode pegar o pincel
Faz um tapete de nuvens
Com um arco-íris anelar
Faz um colibri
Uma gaivota
E um sabiá
Vês? Eu já te trouxe o céu.

Matheus Matos

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Banzo

Mirem as estátuas
De pedra e tristeza
Das obras dos homens

Pedras que levantam suspeitas das maldades e da fome

Mirem o rosto triste
Do olho na espada em riste
Que carregou o peso em ouro
Da escravidão

Mirem as estátuas de sangue
Mirem aqueles que têm nome
Mirem aqueles que resistem
E escaparam da solidão

Matheus Matos

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Casa

Saio de casa, mas não saio de ti
Sou essa tristeza disfarçada
Quando saio para longe e não tenho os motivos que me fazem ser vivo
Que me fazem sorrir
Carrego
Teus beijos,
Nossos gatos,
Teus cheiros.
Carrego sempre preocupações
Emoções que ainda vou sentir.
Saio de casa e é como se aquele Bem-te-vi
Que vem sempre te ver
Não quisesse mais vir.
Fim do mundo,
Teus pássaros,
Tua fonte e tuas pinturas,
Tuas descobertas em mais uma curva,
Um traço
Uma cor,
Teu amor,
Tão longe assim.
Longe de ti
Sou canarinho sem o canto
Sou um guri no espanto
Sem
Tu, a obra-prima,
Tudo é inócuo e mortal.

Matheus Matos 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Nata

Comi na lembrança 
A bolacha de nata
Que lembra minha vó 

Comi com esperança 
E aquela lembrança 
Me trouxe na garganta
Um antigo nó

É que muitas vezes,
Solidão é fera
E a vida castiga
Esse povo carente.

E eu demorei muito
Pra ficar grande 
Pra cuidar da minha gente.

Matheus Matos

sábado, 13 de janeiro de 2024

Lá em Vila Rica

Se tu quiseres estar comigo na R. São José,
Onde o passo é lento,
Como o tempo é,
Pois estou contigo.
Vem, já sou teu amigo,
Teu amor,
O teu bem.

Se tu quiseres ir comigo na Rua Direita, 
prometo o melhor café,
Pintura da alma perfeita,
Amargo na boca,
Cansaço no pé,
Ladeiras de Ouro
E nós na espreita.
O doce vem da fábrica,
Te dou um pão de mel.
Viagem no tempo
Da praça Tiradentes,
Segredos inconfidentes,
Conjuração presente,
E um pouquinho de fel.

Se tu quiseres vir comigo
Depois disso tudo,
Do mel, do fel e o absurdo,
Lá na história do mundo,
Lá em Vila Rica,
É onde a gente vai se achar.

Matheus Matos

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

um amigo antigo

Para o amigo Américo Tristão

Eu fiz um amigo antigo
nascemos em tempos diferentes
as almas, sempre tão contentes,
não. 

É que os encontros simulam
vidas passadas
e, como numa virada,
somos presentes 
então.

Ele sabe brincar com o tempo
Faz um pouco de tudo
Domina a arte do "eu te escuto" 
Ele sabe ser diferente
sua mente é como semente
para a nova geração. 

Eu fiz um amigo antigo
na esquina da Rua Direita.
à esquerda
tomamos um café, 
um Whisky,
depois demos um rolé
pelo histórico dos
pecados do mundo.

Matheus Matos

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Rosa do deserto




Rosa do deserto
Nada é certo
Nesse universo de incertezas
Rosa é como te quero
Mas a mistura é que te põe a mesa
No instante que te tenho
Na tua imaturidade 
É só mais tarde 
Depois com a idade
Que brota teu véu 
De beleza.

Matheus Matos

Multi-versos

Inspirações: Antônio Brasileiro, Cassiano Ricardo, Fernando Pessoa


Cansei de ser fingidor
Por isso, sou o que vejo no espelho
Não sou mais o disfarce
Nem reflexo de conselhos
Tenho algo que se encontra em um único reflexo
Sou todas as máscaras que usei
Sou todos os versos que escrevi no
Multi
          verso

Matheus Matos

Um dia por vez.

Em 10 anos terei 51 anos
Serei eu mesmo ou só mais um algum?
Faz um tempo que não sei qual sou
Aquele da tormenta ou aquele velho ator?
Em 10 anos terei mais cabelos brancos
barbas brancas
amigos velhos.
Em 10 anos, serei um velho feliz
ou apenas mais um ferro-velho? 
Em 10 anos quero ter vivido 10 anos,
quem sabe mais 10
e mais 10 
e quem sabe mais, 
Um dia por vez.

Matheus Matos