Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

sábado, 16 de julho de 2022

eterno como o poema

 tenho amigos que cicatrizaram
carrego como um sinal em mim de algo que fica
pra sempre
um pacto de vida
amizades imutáveis
não importa os traumas
as aventuras
os erros
nada muda
eu tenho amigos que vivem no tempo das coisas eternas
eternas como o amor
eternas como o poema
e o leitor
não há tempestade que balance um só pilar
não importa os dias 
os meses 
as faltas
amor incondicional
o amor que vem de um lugar inexplicável
e que possui uma força tremenda
e eu já vi suas metamorfoses
e eu já fui metamorfose
e eu continuo aqui
e eles lá
nos ancorando ao inexplicável
pois mesmo embora no amor nem tudo seja perfeito
é no amor que as coisas imperfeitas são transponíveis
é no amor que se aceita a vez do outro ser

Matheus Matos

terça-feira, 12 de julho de 2022

Manifesto

 Nasceu.
Errou?
Por que apanhou?
Ninguém apoiou
Estava sozinha
Transitava a vida e
Pra ela não era contra mão 
Mas parecia
Não deveria
Só tinha não 
Era trágica a sua via
V I O L E N T A D A
Violentaram a mulher
E a sua vida
Violentaram a mulher
Na emergência 
Violentaram a mulher
Na indigência 
Violentaram a menina
E sua inocência 
Violentaram a mulher 
Na sonolência
No ônibus
No metrô
No avião
Na pele dormente
No sono pesado 
Dessa sociedade 
V I O L E N T A D A
Estava a mulher
Indecência 
Violentaram a mulher no parto 
Violentaram o nascimento
De onde vem esse tormento?
Do marido, do pai, do tio 
do médico, 
do político,
da política indecente,
do presidente,
presidente? 
que presidente?
da ministra
sinistra,
do pastor, do padre, do bispo, 
da suprema corte
masculina
um corte 
no que já foi direito
feminino 
a mulher perde sempre um pedacinho de si em sua luta 
Ganha em sororidade.
Todo dia uma mulher morre
e morre a humanidade.
E isso não é um poema
é uma manifesto
à minha mãe, minha esposa, minhas amigas, minhas irmãs,
minhas sobrinhas, minha afilhada, minhas cunhadas, 
minha sogra, minhas tias, minhas primas, minhas avós emprestadas, 
minhas alunas, minhas conhecidas, 
para aquela menina na esquina, 
para aquela menina na rua com medo,
para a moça no ponto de ônibus, 
para a criança indefesa, 
para toda mulher 
para todas as lutas de vocês, 
eu estou com vocês, 
eu sou vocês.

Matheus Matos