Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Dinda

Estamos chegando nas transições na vida onde temos que nos despedir de nossos avós, viramos pais, tios, e nossos pais é que são avós. Triste sina da nossa finitude nesse universo. Eu entendo que seja uma transição natural, não deixa de ser triste a despedida.  Já faz tempo que sou da família de minha esposa, G, e tenho lembranças únicas de  quando íamos visitar seus avós. Tenho lembranças únicas de Dindo e Dinda. Dinda, Dona Rita, foi embora hoje. Descansou de sua vida única. Em todas as minhas visitas eu vi uma mulher forte. Muito forte. Eu vi uma mulher e seu marido com todos os seus queridos ao redor. Incrível como se constrói uma família com simplicidade e acima de tudo com amor. Eu consigo sentir o amor que G sente por Dinda, numa intensidade que nem essa distância, que nos persegue, consegue vencer. Eu estou ao lado dela e todos os  dias o seu cuidado alcançava sua avó. Um amor de muito longo alcance. Um amor forjado numa infância simples e feliz, onde sua avó teve importância sem igual. Dona Rita era mulher forte e simples. Cuidou de seu marido com toda sua força em seus últimos dias. Quiça entregou sua vida assim. Foi mulher do seu tempo. Entendia o mundo de sua forma peculiar e não se negava aos prazeres que natureza lhe trazia. No nordeste, embora estejamos sempre em períodos de pouca chuva, há muitas frutas. Dona Rita amava elas. Já ri muito com seus causos. Com suas teimas. E já me emocionei muito com todo o cuidado que ela já concedeu ao meu amor. Tenho certeza que seu amor a sua neta forjou essa mulher que está ao meu lado. Que este amor me trouxe este presente. Minhas despedidas, Dona Rita, também são peculiares. Da última vez que te vi, fiz questão de te dar um beijo.  A gente já não sabe, estando longe, quando será o último. Nós que estamos aqui distantes, infelizmente, temos que antecer a despedida. Sofremos todo dia um pouco antecipadamente. Na esperança de um último abraço, de um último olhar, na esperança de sentir a paz da presença. Todo olhar, todo beijo, todo abraço tem um valor inestimável. Os quais, fazemos questão de cravar nas lembranças. Eu sempre me senti muito bem recebido em sua casa, muito obrigado,  Dinda. Um ótimo café, sempre. Pode descansar que estou cuidando de sua neta. Com a certeza do seu exemplo de amor, carinho e respeito, nossos caminhos estão bem traçados por seus cuidados. Descanse em paz. 

sábado, 10 de junho de 2023

amor finitus

 e eu que não acredito no fim do amor
há tempos estou mergulhado em nós
sem ver fim
sem ao menos enxergar 
de qual momento pode vir
e pode? 
e eu que desligo ao teu toque
meu bem
eu que não me vejo finito ao teu lado
me pergunto
há um quando
um lugar
onde o eterno é finalizado?
eu que nem vivi de tudo
e, por fim, não viveria 
se não fosse ao teu lado
eu que espero a estrada passar todos os dias
pra te encontrar no fim da tarde
e te abraçar
e me desligar ao te tocar
e me transportar pra esse universo único
de nossa eternidade

Matheus Matos