Chorei,
Como chora o meu reflexo.
Embora perplexo,
A lágrima que cai
É um favor que te peço:
Sofri mais que ti.
Hoje eu acordei cedo
E, quando olhei no espelho,
Eu não me vi.
Quem sou eu?
Quem fui eu?
O que senti?
Reflexo d’alma embaçado,
Perplexo.
Sinto as dores de uma vida
Enguiçada,
Não vivida,
Mas lembrada —
E que sofri.
A vida passa pela janela do carro.
Eu tô aqui,
Mas não tô lá.
E a minha falta, onde está?
A vida passa,
Às vezes sem nexo.
A vida passa, e eu vivo me equilibrando nos excessos;
Vivo me equilibrando no que senti,
Entre o que eles não veem
E o que eu vi.
Matheus Matos