Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Uma racha no tempo

Poeirar-me por onde passo
De grão em grão, eu me desfaço.
A vida pertence à lixa do tempo;
De grão em grão, me sopra o vento.

Eu tenho a poeira da poesia,
E, desse grão, de noite e dia,
Eu paro o tempo em fantasia.

O tempo é carrasco de quem é completo;
Os grãos vão embora, e eu nem me despeço.
Meus grãos vão embora nas curvas do vento,
Nos montes de Minas, que são minha sina;
A lixa do tempo me assassina.

Poeirar-me.
De grão em grão — que também é semente —,
É parte de mim que deixo para a frente.
E é se esvaindo que eu vejo surgindo
Uma racha no tempo, que vai se extinguindo. 

Matheus Matos

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