tenho a fragilidade de quem sonha
mas não tenho a gentileza do profeta.
gentileza...
tenho um pouco de ser poeta,
mas não me imponha.
um dia eu fui leveza,
capoeira,
mas hoje sou vergonha.
disponha.
quem sonha precisa de agressividade,
não precisa ter idade.
mas suponha
que quem acorda de manhã cedo,
todo dia,
pra ter seu ganha-pão,
nem vê o cheiro do dinheiro.
contraponha
essa verdade.
a vida não tem segredo,
só precisa saber quem flutua
e quem afunda na lama.
não tem nada de grana
nem pra limpar a bunda,
mas dá os corre o dia inteiro.
já fui modesto em meus sonhos,
mas hoje eu sonho o que é impossível,
o que não tiram de mim,
eu suponho.
deixei de acreditar em anjo,
nem ligo mais pra esses tais de serafins.
essa é a verdade que eu exponho.
não há anjo nem demônio.
ai de mim, ai de mim
se eu me esquecer do tom da pele.
você é inocente?
eu sei quem segue
quando tá escondido.
a arte nasce também no oprimido,
no momento latente...
mas por que precisa ser sofrido?
eu sei o lugar que me cabe:
não é qualquer lugar,
mas todo lugar
que eu queira.
eu sei quem amar,
embora ame muita gente.
eu sei quem sou muitas vezes,
embora exista essa barreira.
todo dia eu entro no portal.
um dia isso vai fazer mal,
acordar de madrugada,
transportar essas jornadas
de certezas.
se aproveitam da nossa nobreza —
colorado, colorido, bem pensado...
de onde você pensa que vem essa clareza?
Matheus Matos
Matheus Matos
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