sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
encontros
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
beleza negra
terça-feira, 8 de novembro de 2022
O tempo devora
sábado, 8 de outubro de 2022
Eu sou do nordeste
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
Solução
quinta-feira, 1 de setembro de 2022
Amar é um hábito
terça-feira, 16 de agosto de 2022
regresso
sábado, 16 de julho de 2022
eterno como o poema
terça-feira, 12 de julho de 2022
Manifesto
terça-feira, 21 de junho de 2022
bloco de notas
sumiu
nem a tela branca
do meu bloco de notas
no meu alt+tab
mais
se viu
era o meu bloco de notas
de poema vil
e o que ficou?
esse vazio
Matheus Matos
quarta-feira, 8 de junho de 2022
Prometeu
quinta-feira, 24 de março de 2022
saudade é sina
Matheus Matos
quinta-feira, 17 de março de 2022
cozinhando poemas
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
paixão é guerra
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
dança
segunda-feira, 24 de janeiro de 2022
metaverso
sábado, 22 de janeiro de 2022
brio
lembranças
Engraçado como a gente regressa tanto no passado quando se despede de alguém. A morte é uma despedida final. E deve ser uma tentativa frustrada nossa de voltar às lembranças e tentar guada-las em algum lugar seguro. Quando alguém vai, não há mais criação de memórias. Tudo é a história do que foi. O que já foi contado. Papel passado e arquivado. Mas, se a gente deixar, com o tempo, as memórias vão se despedindo da nossa história. Acho natural, estar vivo é se reescrever. É gerar novas lembranças. E às vezes o que é novo vem e toma o lugar do que já passou. Devíamos ter uma capacidade ilimitada de armazenamento de lembranças. Talvez lembranças boas. Um espaço menor pra lembranças ruins que nos ensinam a viver. Cada uma ficaria em um potinho. Mas, em um grandão, guardaria todos os sentimentos de amor. Mas o que é novo também é bom. O que é novo transforma. Pro bem ou pro mal. Me chama atenção como algumas pessoas se perdem em suas lembranças e sentimentos. A mente é um labirinto inviolável. Às vezes a gente até tem que desligar algumas coisas na mente pra conseguir viver em paz no que a gente julga ser isso. Outro dia estava tentando lembrar da minha avó. Quando ela se foi eu estava longe e só. Há muito tempo eu sai de casa. Estou já quase a mais tempo fora de casa do que fiquei dentro. E quando falo casa me refiro à casa de minha mãe e minha terra Natal. Mas não estou mais só. Eu não fui ao enterro. Vivi um luto sozinho. Chorei, escrevi, lembrei, guardei. Muita coisa que tinha de lembrança do seu amor e sua bondade eu esqueci. Aquelas memórias que a gente vê em cenas de filmes. Todas se foram. Na verdade, esqueci muita coisa da minha vida. Só o que fica é o sentimento. Esse preenchimento. Quando vc tem uma gaveta cheia de coisas antigas que não usa mais e nunca mais vai tocar mas que são ou foram importantes e as coisas ficam lá guardadinhas, preenchendo todo o espaço, e vc sempre vai saber onde pegar se precisar. Assim que me lembro dela. E assim que seu amor ainda me preenche. Mas minhas memórias estão se esvaindo. Coisas que a física tem me tomado. Acho que em algum momento eu devo abrir essas gavetas das memórias e pegar o que me for bom. Lá pra frente, quando eu estiver mais grisalho. Quem sabe lá eu possa até escrever melhor sobre os sentimentos. Tentar deixar mais dos meus momentos escritos pra que meus netos possam se lembrar de mim. Um poeta sonhador, físico no entanto. Feliz, mas nem tanto. Pois pra se escrever poesia, às vezes, é preciso ser triste.
Matheus Matos