Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

terça-feira, 12 de julho de 2022

Manifesto

 Nasceu.
Errou?
Por que apanhou?
Ninguém apoiou
Estava sozinha
Transitava a vida e
Pra ela não era contra mão 
Mas parecia
Não deveria
Só tinha não 
Era trágica a sua via
V I O L E N T A D A
Violentaram a mulher
E a sua vida
Violentaram a mulher
Na emergência 
Violentaram a mulher
Na indigência 
Violentaram a menina
E sua inocência 
Violentaram a mulher 
Na sonolência
No ônibus
No metrô
No avião
Na pele dormente
No sono pesado 
Dessa sociedade 
V I O L E N T A D A
Estava a mulher
Indecência 
Violentaram a mulher no parto 
Violentaram o nascimento
De onde vem esse tormento?
Do marido, do pai, do tio 
do médico, 
do político,
da política indecente,
do presidente,
presidente? 
que presidente?
da ministra
sinistra,
do pastor, do padre, do bispo, 
da suprema corte
masculina
um corte 
no que já foi direito
feminino 
a mulher perde sempre um pedacinho de si em sua luta 
Ganha em sororidade.
Todo dia uma mulher morre
e morre a humanidade.
E isso não é um poema
é uma manifesto
à minha mãe, minha esposa, minhas amigas, minhas irmãs,
minhas sobrinhas, minha afilhada, minhas cunhadas, 
minha sogra, minhas tias, minhas primas, minhas avós emprestadas, 
minhas alunas, minhas conhecidas, 
para aquela menina na esquina, 
para aquela menina na rua com medo,
para a moça no ponto de ônibus, 
para a criança indefesa, 
para toda mulher 
para todas as lutas de vocês, 
eu estou com vocês, 
eu sou vocês.

Matheus Matos

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