Nasceu.
Errou?
Por que apanhou?
Ninguém apoiou
Estava sozinha
Transitava a vida e
Pra ela não era contra mão
Mas parecia
Não deveria
Só tinha não
Era trágica a sua via
V I O L E N T A D A
Violentaram a mulher
E a sua vida
Violentaram a mulher
Na emergência
Violentaram a mulher
Na indigência
Violentaram a menina
E sua inocência
Violentaram a mulher
Na sonolência
No ônibus
No metrô
No avião
Na pele dormente
No sono pesado
Dessa sociedade
V I O L E N T A D A
Estava a mulher
Indecência
Violentaram a mulher no parto
Violentaram o nascimento
De onde vem esse tormento?
Do marido, do pai, do tio
do médico,
do político,
da política indecente,
do presidente,
presidente?
que presidente?
da ministra
sinistra,
do pastor, do padre, do bispo,
da suprema corte
masculina
um corte
no que já foi direito
feminino
a mulher perde sempre um pedacinho de si em sua luta
Ganha em sororidade.
Todo dia uma mulher morre
e morre a humanidade.
E isso não é um poema
é uma manifesto
à minha mãe, minha esposa, minhas amigas, minhas irmãs,
minhas sobrinhas, minha afilhada, minhas cunhadas,
minha sogra, minhas tias, minhas primas, minhas avós emprestadas,
minhas alunas, minhas conhecidas,
para aquela menina na esquina,
para aquela menina na rua com medo,
para a moça no ponto de ônibus,
para a criança indefesa,
para toda mulher
para todas as lutas de vocês,
eu estou com vocês,
eu sou vocês.
Matheus Matos
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