Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Pausa

O mundo pede pausa.
Parece que acharam os escritos antigos do velho demônio
e tentam aplicar em Gaza.

Eu vi uma criança correndo de uma explosão.
Não era em Hiroshima, nem em Nagasaki,
e nem era a
Sadako Sasaki.
Não era o napalm no Vietnã,
e nem a
Kim Phúc.

Bomba nova, cidade nova, criança nova.
Antigo mesmo,
só a maldade humana.

Eu,
ateu,
acredito em demônios de bigode,
de carne e osso 
e morte 
propagando ensinamentos,
propagando sofrimentos.

Vítima?
Não mais.
Agora, algoz é
quem já pediu paz.

Matheus Matos

domingo, 27 de julho de 2025

o amor não é só isso

Eu te escrevi um poema ontem.
Não era tarde,
e falava de amor 
sobre suas amarguras, loucuras e dor.

Mas o amor não é só isso.
O amor é muito mais.
Não tô aqui pra ensinar:
o amor se aprende amando,
e amar nunca é demais.

Mas o amor é esse descriptografar,
entre almas, nas eras e momentos.

O amor é a falta
de pedaços da tua alma,
se o que você tem,
no fim do dia,
é a cama vazia
e um só pensamento.

O amor é quando estar
deixou de ser estar só 
são duas almas em um nó,
e contentamento.

Matheus Matos

Imaginação

Toda vez que imagino o amor,
eu viro um poema.

Amor:
essas letras miúdas do final da cena,
esse contrato que perdura,
que confunde o leitor
e, às vezes, condena.

Toda vez que imagino o amor...
Se é amor,
o amor cura.

Amor:
esse remédio de loucura,
mas que carrega a amargura
de uma morte pura,
com veneno.

Toda vez que imagino o amor,
eu viro um poema.

Matheus Matos

segunda-feira, 21 de julho de 2025

a linha

 Descodificar
a teima tonta
de tanto tentar
emaranhar
a linha do saber,
ao desconhecer
e te esquecer.

Matheus Matos

domingo, 20 de julho de 2025

vazio

 vejo um poema
junto ao frio.
vem essa cena 
E eu não rio.
vem o problema 
desse vazio.

passa o tempo,
vem o inverno.
passa o vento,
vem o frio
perverso.
só não passa 
esse vazio
que eu tenho 
aqui no 
verso

Matheus Matos

domingo, 13 de julho de 2025

pagamento

Eu preciso
escrever um poema,
um pagamento.
Mas
não tem problema.

Eu, às vezes,
vendo minha dor,
da minha veia de ator,
pois só me resta essa cena.

Mas será que isso vale
a pena?
Será uma descoberta
pequena
descodificar
o amor?

O meu pagamento
é fazer
renascer
palavras
em forma
de arte,
de brincadeiras
da minha
contraparte,
pra pagar
esse favor.

Matheus Matos 

sábado, 12 de julho de 2025

último sopro

Eu ouvi sobre uma paciente,
no último sopro.
E ela ainda tinha a memória de alguém,
mesmo em tanto sufoco.

Alguém marcou sua vida
com um cuidado
que não foi pouco.
Não foi só o remédio do corpo 

antes da ferida aberta na pele,
na perna,
no osso,
há uma ferida na alma.

E, pra cuidar
desse enfermo com calma,
dessa cicatriz aberta
com todos os traumas,
o cuidado tem uma receita certa:

amor, carinho, atenção,
pegar sempre pela mão
e estar 
sempre 
longe
do
fundo
do
poço. 

Matheus Matos

segunda-feira, 7 de julho de 2025

hora do café

Hoje não acordei cedo.
Perdi a hora do café.
Acordei com aquela sensação boa de dever não cumprido,
mas com um leve toque de culpa.
Fiz um café forte sem querer
a água não quis subir na Moka;
tive que fazer um espresso para completar.

Por algum motivo,
estou leve,
com uma sensação boa
de que tudo vai dar certo
aquela sensação de voar com os pés no chão,
sem o aperto no peito,
sem ninguém pra dizer não,
sem colocar defeito.
Não existe caminho errado:
é você que precisa
estar blindado.

Matheus Matos

quarta-feira, 2 de julho de 2025

ecos

Eu olho pela janela,
o tempo passa por ela.
Eu vejo o caos do cosmos
em uma pintura,
trazendo um código
que perdura
mais do que se pensa.

Vejo os ecos
de colisões cósmicas,
vejo todas as fusões
catastróficas
no infinito do universo:
canibalismo galáctico ao inverso,
numa obsessão hipertrófica.

Matheus Matos