Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

sexta-feira, 26 de abril de 2024

dilatação do tempo

Não fosse a vida esse contínuo eterno de tarefas do ofício
Não fosse isso também um vício
Não ocuparia o lugar da poesia
Das emoções
Não alimentaria ilusões
E não visitaria esses sonhos inóspitos
Fictícios
E justamente quando a vida espreme o tempo
E o tempo é a moeda difícil
É quando a gente aprende
A dilatar certos momentos
A controlar os interstícios
É quando a gente vê que
A poesia também pode vir disso

Matheus Matos 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Rua de pedras

 Daqui de baixo
Vejo a rua de pedras 
Emitir seus zunidos.
Subindo a ladeira,
Como quem escuta gritos,
Escuto o passado,
Escrevo o passado,
Escuto o amigo.
Disse que já subiu 
com a certeza que sabia amar,
só esqueceu o caminho.
Amar, ás vezes,
é o princípio da incerteza. 
Na rua direita
Solidões se foram,
Solidão passeia,
O pavor permeia,
O amor é teia.

Matheus Matos

sábado, 13 de abril de 2024

mais um pouquinho

todos os poemas de amor 
são sobre você
e agora eu escrevo 
também
sobre passarinhos
pois tem amor 
nas tintas 
do sabiá
que tu pintas
tem amor
na cor 
do teu ninho
e esse poema aqui
pinta esse amor 
mais um pouquinho

Matheus Matos

terça-feira, 9 de abril de 2024

Utópico

Não fosse a vida, 
esse escritório de pequenas prisões, 
de onde eu tento, 
às vezes, 
me libertar, 
eu nem sairia daquele sofá, 
nem deixaria de ser cobertor pro teu frio. 
E eu aqui, 
nesse lugar estranho, 
com pessoas estranhas, 
vendo esse copo vazio, 
me faz lembrar que é só a ti que eu bebo, 
que és a minha sede insaciável, 
o meu desejo e meu brio. 
percebo, 
então, 
que depois da cama, 
do sono perfeito, 
a mente colapsa em um pensamento único: 
um beijo, 
um toque, 
um choque. 
Utópico, 
pois estou só contigo.

Matheus Matos

domingo, 7 de abril de 2024

Sobre ser livre

Sempre escrevo poemas sobre ti
Sobre tua inocência risonha
Do olhar de quem alcançou os dias
Mas não alcançou a morte
De quem sabe alcançar as estrelas 
sem precisar nem mesmo vê-las
E de quem olha a juventude 
como aquele momento da vida em que se vive
Sem precisar pensar em viver
Sem medir consequências, bater continência
Ter a dúvida do ser, dos ses. 
E hoje, depois de ter vivido
O que me sobra da meia vida
É escrever sobre ti

Matheus Matos

terça-feira, 2 de abril de 2024

amor, esse vulcão

Ternura,
é a tua pintura
em minha alma.
Ventura,
já tenho a cura
e a minha calma.
Amar o que é calmo
e furacão.
amor, esse vulcão
que desperta brandura.
Esse fogo ardente
que borbulha,
essa armadura
e mansidão.

Matheus Matos 

vidas paralelas

Paro o tempo 
Como quem olha o relógio no instante exato da partida
E é lá que está a pausa.
Pode ser no ar
Enquanto imagino o vento
Pode ser no olhar.
Para o tempo, eu
Vivo vidas paralelas
De cortes das cenas amarelas
E que a vida passa rápido
E pausas nas cenas que vem dela. 

Matheus Matos

segunda-feira, 1 de abril de 2024

efeito borboleta

Não fosse a vida,
essa escolha aleatória
de sensações,
um dia estou aqui
e no outro?
Borboleta bate asas.
talvez o aperto no peito,
talvez as emoções
não fossem essas toneladas,
arruinando minhas falas.
Não fosse o peso das escolhas,
o peso de quando te calas,
não tinha o tu,
o eu,
não tinha nós.

Matheus Matos