por: Edson de Paula (Bigão)
Não escrevo cartas com prazo de validade.
Cartas são como
gravetos da estação passada,
uivo de cão vagabundo
um desconhecido caminhando calçada
da estrada infinita...
[do mundo.
Não trago anéis de fumaça desfeitos
(em embrulho para presente),
Copulo com o passado
ao brotar alicerçando
o amanhã na incerteza,
fugidia presteza,
Eu ausente
[do tempo.
Não me implodo em negativas,
Não me prendo a negações,
Desfaço tudo que foi dito,
Digo-o novamente,
Refuto,
Vou em frente
[e volto
Ao colapso entre caos,
cáucaso,
Titãs e deus.
Sou o amante dos finais,
[felizes ou não]
Acorrentado a princípios.
Eis minha poesia. Toma, agora é tua!
quinta-feira, 24 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
Traça Metalingüística
por: Edson de Paula (Bigão)
Nunca fui poeta,
Não sou poeta
E jamais serei!
Não suporto este fardo inalcançável,
Estas penas de chumbo
Rabiscando de sentimentos o céu,
Aves metálicas das costas de Atlas
Que carregam por cordas
o mundo.
Poetas são nefelibatas
Vivendo as nuvens no chão,
São nuvens náufragas
Avistando ilhas voadoras;
Poetas são monstrinhos visguentos,
Bucha de canhão, pólvora, bala, fogo,
BUM!!!
Ungüento...
Talvez uma flor artificial num jarro transitório
Eu possa ser,
Um brilho fugaz num orbe alegórico
Eu possa ter.
Mas de que vale todo artifício ornamental
Se da corola não exala perfume?
De que vale o brilho sepulcral
Se o calor não aquece a nudez do estrume?
De que vale dizer-se poeta
Se não traz em si a altivez do lume?
Não sou poeta,
Nunca fui
E jamais serei!
Quem dera eu pudesse vestir-me de reticências,
Calçar alpercatas do infinito,
Fazer de manto um labirinto,
Fazer-me manto,
Fazer-me mito,
Ser transcendência!
Não passo de criança evasiva
Entre um copo e outro de cachaça.
Meu ser é jaz.
Poetizar? Jamais.
Quando o for,
Não serei
Restaria mais um passo,
um verso, uma linha, um traço,
Enquanto isso
Vago nos corredores de paredes brancas
Em busca de povoar-me o...
...não-ser...
Poeta?!
Nunca fui,
Não sou já,
Mas serei...
Nunca fui poeta,
Não sou poeta
E jamais serei!
Não suporto este fardo inalcançável,
Estas penas de chumbo
Rabiscando de sentimentos o céu,
Aves metálicas das costas de Atlas
Que carregam por cordas
o mundo.
Poetas são nefelibatas
Vivendo as nuvens no chão,
São nuvens náufragas
Avistando ilhas voadoras;
Poetas são monstrinhos visguentos,
Bucha de canhão, pólvora, bala, fogo,
BUM!!!
Ungüento...
Talvez uma flor artificial num jarro transitório
Eu possa ser,
Um brilho fugaz num orbe alegórico
Eu possa ter.
Mas de que vale todo artifício ornamental
Se da corola não exala perfume?
De que vale o brilho sepulcral
Se o calor não aquece a nudez do estrume?
De que vale dizer-se poeta
Se não traz em si a altivez do lume?
Não sou poeta,
Nunca fui
E jamais serei!
Quem dera eu pudesse vestir-me de reticências,
Calçar alpercatas do infinito,
Fazer de manto um labirinto,
Fazer-me manto,
Fazer-me mito,
Ser transcendência!
Não passo de criança evasiva
Entre um copo e outro de cachaça.
Meu ser é jaz.
Poetizar? Jamais.
Quando o for,
Não serei
Restaria mais um passo,
um verso, uma linha, um traço,
Enquanto isso
Vago nos corredores de paredes brancas
Em busca de povoar-me o...
...não-ser...
Poeta?!
Nunca fui,
Não sou já,
Mas serei...
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Na ilha por vezes habitada
"Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida."
Isso nos baste.
[José Saramago]
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida."
Isso nos baste.
[José Saramago]
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Invictus
(Título Original: "Invictus")
Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Invictus
by William E Henley
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
êxodo urbano
sair
com quem se
completa no ato
desvendar
cada curva,
cada encruzilhada
não para entender o caminho
mas para lhe prestar homenagem
por existir, permitir que fujamos
por ser oblíquo,
e assegurar nossos esconderijos
ou por nos ajudar a invadir becos,
perdendo, felizes,
as chaves do escritório.
Moacir Eduão
com quem se
completa no ato
desvendar
cada curva,
cada encruzilhada
não para entender o caminho
mas para lhe prestar homenagem
por existir, permitir que fujamos
por ser oblíquo,
e assegurar nossos esconderijos
ou por nos ajudar a invadir becos,
perdendo, felizes,
as chaves do escritório.
Moacir Eduão
quarta-feira, 2 de junho de 2010
quase parti
Saio do chão,
voando baixo.
Não sei porquê,
estou tão cansado.
são quase-partículas,
Higgs de (d)Deus,
quase parti.
elétrons, prótons, nêutrons,
são átomos?
quarks são prótons, nêutrons?
mas o que são fônons, plasmons,
plasmarons?
Pasma-me.
e os magnons, éxcitons?
Excita-te?
big-bang,
quente, denso,
matéria, anti-matéria,
boom!!!!
foi Deus que cuspiu o
bóson de Higgs.
Matheus Matos
voando baixo.
Não sei porquê,
estou tão cansado.
são quase-partículas,
Higgs de (d)Deus,
quase parti.
elétrons, prótons, nêutrons,
são átomos?
quarks são prótons, nêutrons?
mas o que são fônons, plasmons,
plasmarons?
Pasma-me.
e os magnons, éxcitons?
Excita-te?
big-bang,
quente, denso,
matéria, anti-matéria,
boom!!!!
foi Deus que cuspiu o
bóson de Higgs.
Matheus Matos
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