Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

dança

meu passo 
não passa 
do cais
eu passo?
mas tu 
não quer 
mais
eu posso
ficar no intento 
me passo 
ficando 
no verso

amar 
que é tão
demais
teu gesto 
amo 
muito 
mais
teu beijo 
teu sexo 
tua paz
amar que não
sai desse verso 
amor já estou
submerso 

tua dança 
não precisa de música 
o que sinto com teus movimentos é mais 
que a acústica
que ensino aos ventos
teus intentos
teu corpo me chama 
acende essa chama 
do meu pensamento 
acaba o tormento
da angústia
mulher de astúcia 
domina essa minha certeza
teu corpo eu ponho na mesa
e sirvo pro meu jantar
já és a entrada 
a amada
a pura beleza
prato principal 
de meu sonhar

Matheus Matos

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

metaverso

 verso
re
  verso
traduzo
o complexo
inverto o 
averso
dai pra cá
tu vais pra lá
tu cais 
eu mar
meu tenso 
gesto
protesto
o pavor
indigesto
teu amor
controverso
universo
perverso
e meu passo 
não passa
desse meu
metaverso

Matheus Matos

sábado, 22 de janeiro de 2022

brio

Amar pra sempre ter brio
Amar é ter coragem
Tenhas coragem
Teu pulso pode parar
É o preço da
Eter 
 Ni
   DA
     DE
  
amar é ser juvenil 
e ser um pouco selvagem
o amor não pode parar
é uma espécie de
santi 
     DA
       DE
               
amar pra não sentir frio
e às vezes o tempo passar lento 
escutando aquele vinil
que toca canções do lennon.

amor preenche o vazio
dos fios tão 
soltos no quengo.
loucura a dois
amor a dois
pode ser muito mais
amar agora, 
ontem e depois

amar acende o pavio
Que queima a
Sani
   DA 
     DE 
De Amar vem um 
Arre
p
  i
    o 
De onde vem o amor de
Ver 
  DA
   DE 

Matheus Matos

lembranças

Engraçado como a gente regressa tanto no passado quando se despede de alguém. A morte é uma despedida final. E deve ser uma tentativa frustrada nossa de voltar às lembranças e tentar guada-las em algum lugar seguro. Quando alguém vai, não há mais criação de memórias. Tudo é a história do que foi. O que já foi contado. Papel passado e arquivado. Mas, se a gente deixar, com o tempo, as memórias vão se despedindo da nossa história. Acho natural, estar vivo é se reescrever. É gerar novas lembranças. E  às vezes o que é novo vem e toma o lugar do que já passou. Devíamos ter uma capacidade ilimitada de armazenamento de lembranças. Talvez lembranças boas. Um espaço menor pra lembranças ruins que nos ensinam a viver. Cada uma ficaria em um potinho. Mas, em um grandão, guardaria todos os sentimentos de amor. Mas o que é novo também é bom. O que é novo transforma. Pro bem ou pro mal. Me chama atenção como algumas pessoas se perdem em suas lembranças e sentimentos. A mente é um labirinto inviolável. Às vezes a gente até tem que desligar algumas coisas na mente pra conseguir viver em paz no que a gente julga ser isso. Outro dia estava tentando lembrar da minha avó. Quando ela se foi eu estava longe e só. Há muito tempo eu sai de casa. Estou já quase a mais tempo fora de casa do que fiquei dentro. E quando falo casa me refiro à casa de minha mãe e minha terra Natal. Mas não estou mais só. Eu não fui ao enterro. Vivi um luto sozinho. Chorei, escrevi, lembrei, guardei. Muita coisa que tinha de lembrança do seu amor e sua bondade eu esqueci. Aquelas memórias que a gente vê em cenas de filmes. Todas se foram. Na verdade, esqueci muita coisa da minha vida. Só o que fica é o sentimento. Esse preenchimento. Quando vc tem uma gaveta cheia de coisas antigas que não usa mais e nunca mais vai tocar mas que são ou foram importantes e as coisas ficam lá guardadinhas, preenchendo todo o espaço, e vc sempre vai saber onde pegar se precisar. Assim que me lembro dela. E assim que seu amor ainda me preenche. Mas minhas memórias estão se esvaindo. Coisas que a física tem me tomado. Acho que em algum momento eu devo abrir essas gavetas das memórias e pegar o que me for bom. Lá pra frente, quando eu estiver mais grisalho. Quem sabe lá eu possa até escrever melhor sobre os sentimentos. Tentar deixar mais dos meus momentos escritos pra que meus netos possam se lembrar de mim. Um poeta sonhador, físico no entanto. Feliz, mas nem tanto. Pois pra se escrever poesia, às vezes, é preciso ser triste.


Matheus Matos

reticências

Amar é te ouvir com o meu toque
Ouvir os teus gestos
Cheirar as tuas lembranças 
Sentir nas tuas danças
as melodias dos teus movimentos
afastar todo tormento
da falta de sentido
compensar tudo que não é dito
que não é bonito 
achar-se feliz em meio ao que ultraje
nesses dias que nossos corpos e mentes
são miragens do esquecido
vou mergulhar e me ancorar 
no teu corpo tão marcado
ancorado no amor
demasiado
e quando faltar palavras 
quando faltar o som 
quanto faltar o toque
quando tudo faltar
quando tudo for ausência 
e só o amor restar 
o amor é solução
o amor é o tradutor
o amor é reticência

Matheus Matos

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

o POEMA morreu no meio

o POEMA morreu no meio
Começou como quem rima bem
descobriu a sonoridade e além
mas morreu no meio
faltou conexão
caiu o sinal psicográfico
palavras são milhares
em todos os idiomas milhões
mas qual é o fio que liga 
a rima 
o som
a teima
a rena 
o tom
o vento
a veia
a teia
o coração
o que que falta 
quando cai o sinal? 
falta emoção? 
contato divinal?
o POEMA morreu no meio
e nasceu novamente
completamente
diferente.
É preciso renascer, às vezes,
pra se conseguir mudar.

Matheus Matos 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Indissociável

Minha alma tem afinidade 
Por coisas tristes,
Mas não é triste.
Nem sempre.

Se encaixa bem em músicas tristes,
não é triste,
Mas sente.

Vive bem quando está isolada. 
Sozinha, ela não fica calada. 
E falando ela quer ser feliz.

Como uma força que repele a tristeza,
Minha alma me faz petiz. 
Criança eterna em um mundo feliz.
 
Beleza.
Mas não é sempre. 
Não é todo dia.
Às vezes tristeza quer fazer moradia.
Mas minha alma,
agora triste,
tem sempre um punhado de alegria.
Coisas de quem cultiva sementes da euforia. 

E como o ciclo da vida
A gente vai se reciclando.
Ela e eu
Minha alma e eu
com sua afinidade com a solidão.
E como coisas afastadas, 
mas indissociadas
Eu vejo ela,
e ela me vê de longe.
Voo de pássaro
No céu de meus passos
Olho de querubim.
Ela escreve sobre mim.
E eu continuo sozinho na minha ilusão.

Matheus Matos

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O que há no espírito do homem?

O que há no espírito 
do homem? 
Que hora vive
hora some
consome
nosso
ar?
Há ciência?
No espírito do homem 
Há clemência?
O espírito do homem
é sobre pensar.
Sapiência?

Matheus Matos

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

ANO NOVO

Atrás dessa chuva que cai do céu 
Num choro do mundo, num pranto em fel
Outro tempo se desenha

Nada persiste a essa pintura
O tempo é o artista 
Verdade nua e pura
Obra-prima maniqueísta.

Matheus Matos