Eis minha poesia. Toma, agora é tua!

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Nata

Comi na lembrança 
A bolacha de nata
Que lembra minha vó 

Comi com esperança 
E aquela lembrança 
Me trouxe na garganta
Um antigo nó

É que muitas vezes,
Solidão é fera
E a vida castiga
Esse povo carente.

E eu demorei muito
Pra ficar grande 
Pra cuidar da minha gente.

Matheus Matos

sábado, 13 de janeiro de 2024

Lá em Vila Rica

Se tu quiseres estar comigo na R. São José,
Onde o passo é lento,
Como o tempo é,
Pois estou contigo.
Vem, já sou teu amigo,
Teu amor,
O teu bem.

Se tu quiseres ir comigo na Rua Direita, 
prometo o melhor café,
Pintura da alma perfeita,
Amargo na boca,
Cansaço no pé,
Ladeiras de Ouro
E nós na espreita.
O doce vem da fábrica,
Te dou um pão de mel.
Viagem no tempo
Da praça Tiradentes,
Segredos inconfidentes,
Conjuração presente,
E um pouquinho de fel.

Se tu quiseres vir comigo
Depois disso tudo,
Do mel, do fel e o absurdo,
Lá na história do mundo,
Lá em Vila Rica,
É onde a gente vai se achar.

Matheus Matos

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

um amigo antigo

Para o amigo Américo Tristão

Eu fiz um amigo antigo
nascemos em tempos diferentes
as almas, sempre tão contentes,
não. 

É que os encontros simulam
vidas passadas
e, como numa virada,
somos presentes 
então.

Ele sabe brincar com o tempo
Faz um pouco de tudo
Domina a arte do "eu te escuto" 
Ele sabe ser diferente
sua mente é como semente
para a nova geração. 

Eu fiz um amigo antigo
na esquina da Rua Direita.
à esquerda
tomamos um café, 
um Whisky,
depois demos um rolé
pelo histórico dos
pecados do mundo.

Matheus Matos

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Rosa do deserto




Rosa do deserto
Nada é certo
Nesse universo de incertezas
Rosa é como te quero
Mas a mistura é que te põe a mesa
No instante que te tenho
Na tua imaturidade 
É só mais tarde 
Depois com a idade
Que brota teu véu 
De beleza.

Matheus Matos

Multi-versos

Inspirações: Antônio Brasileiro, Cassiano Ricardo, Fernando Pessoa


Cansei de ser fingidor
Por isso, sou o que vejo no espelho
Não sou mais o disfarce
Nem reflexo de conselhos
Tenho algo que se encontra em um único reflexo
Sou todas as máscaras que usei
Sou todos os versos que escrevi no
Multi
          verso

Matheus Matos

Um dia por vez.

Em 10 anos terei 51 anos
Serei eu mesmo ou só mais um algum?
Faz um tempo que não sei qual sou
Aquele da tormenta ou aquele velho ator?
Em 10 anos terei mais cabelos brancos
barbas brancas
amigos velhos.
Em 10 anos, serei um velho feliz
ou apenas mais um ferro-velho? 
Em 10 anos quero ter vivido 10 anos,
quem sabe mais 10
e mais 10 
e quem sabe mais, 
Um dia por vez.

Matheus Matos